PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19
Tatiana Macedo
mar 22
Com o avanço da vacinação crescem os relatos nas redes sociais de pessoas felizes por, enfim, receber a sua “dose de esperança” ou por verem um parente ser imunizado. Mas ainda há dúvidas sobre o processo de imunização, sua segurança e sua eficácia. Para esclarecer as principais questões, trouxemos respostas de especialistas para perguntas frequentes sobre o tema. Confira!
É possível contrair a Covid-19 por conta da vacinação?
Não. Que fique claro: ninguém pegará Covid-19 de uma vacina. Nenhuma das vacinas em fase mais avançada de desenvolvimento emprega o vírus Sars-CoV-2 enfraquecido (atenuado). Nenhuma vacina poderá causar a doença, esclarece Herbert Guedes, professor do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em vacinas.
Já estando vacinado, posso parar de usar máscara?
Não. Teremos que continuar a usar máscara e a fazer distanciamento social por um bom tempo. Primeiro, porque apenas parte da população será vacinada. Além disso, porque não se sabe se as vacinas vão conseguir impedir a transmissão e tirar o novo coronavírus de circulação ou apenas se vão impedir que as pessoas adoeçam com Covid-19, diz a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Herbert Guedes acrescenta que somente depois que a vacinação em massa ocorrer, com uma redução drástica dos casos, medidas de segurança poderão ser revistas.
Quando a vacina começa a fazer efeito?
Os resultados dos estudos levam em conta dados do 15º dia após a segunda dose das vacinas. Um estudo preliminar da Universidade de Oxford indica que a vacina desenvolvida com a AstraZeneca tem 76% de eficácia contra casos sintomáticos da Covid-19 já após a primeira inoculação. Ainda assim, é preciso esperar 15 dias para que cada dose faça efeito, de acordo com a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC) e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Terei que tomar quantas doses para ser imunizado?
Para a maioria das vacinas apresentadas até agora, são necessárias duas doses, com intervalos variáveis entre a primeira e a segunda.
Já tive Covid-19 e tenho anticorpos, ainda assim preciso me vacinar?
Sim. Primeiro porque seria necessário avaliar o número de anticorpos desenvolvido por cada pessoa para ver se eles são capazes de protegê-la. Além disso, não se sabe quanto tempo dura essa proteção natural; os estudos falam em cinco ou sete meses. Outra preocupação é com as novas variantes do Sars-CoV-2.
Se já tomei a primeira dose de um fabricante, posso tomar a segunda dose de outro?
Por enquanto, não. Natalia Pasternak afirma que ainda não há estudos sobre combinação de vacinas — o primeiro está começando a ser feito no Reino Unido. Especialistas consideram que, na falta da segunda dose de um fabricante, seria melhor tomar a segunda de outro do que não tomar nada, mas isso só vale caso realmente haja escassez. Por isso, é importante seguir a recomendação das autoridades de saúde locais.
O que fazer se eu esquecer a data da segunda dose?
Segundo Natalia Pasternak, atrasar um dia ou até uma semana não é grave. Mas, se o tempo de atraso for longo demais, todo o protocolo de vacinação será reiniciado.
Quais efeitos colaterais são esperados?
A vacinação é segura, e os efeitos colaterais, em geral, são leves e temporários, como dor no local da injeção e febre baixa. Efeitos colaterais mais graves são extremamente raros em vacinas de forma geral, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Depois de vacinado, vou poder sair do confinamento? Ver meus parentes? Viajar?
De forma geral, não. É possível abrir pequenas exceções, como ver um parente, mas desde que sejam mantidas as regras não farmacológicas, como uso de máscara, distanciamento, preferência por ambientes arejados e higienização das mãos. Segundo Rosana Richtmann, não há informações sobre a proteção oferecida pela CoronaVac entre a primeira e a segunda doses. Na vacina de Oxford, novos estudos indicam eficácia de 76%. Ou seja, ainda é possível pegar a doença e disseminar o vírus.
Ainda posso transmitir o vírus após receber as duas doses da vacina?
Pode. Natalia Pasternak explica que as vacinas não foram testadas para evitar transmissão e, sim, evitar a doença. A Universidade de Oxford mediu quantos casos de RT-PCR deram positivo após a imunização e viram diminuição de 67% após a primeira dose, mas foi o primeiro estudo sobre isso, ainda preliminar.
Por quanto tempo estarei protegido?
Não se sabe essa resposta. Esses dados ainda estão em estudo, diz Herbert Guedes. Os imunizados nos testes clínicos continuarão sendo acompanhados, e assim será possível determinar o tempo de proteção. A OMS considera aceitável o prazo mínimo de seis meses.
Por #Tatiana_Macedo