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Menopausa sem tabu

O tempo passa, a vida segue. De repente, a gente, que está sempre ligada no ritmo da música e nas cores da vida, se depara com uma nova fase. Conversando com minhas amigas, percebi que todas nós — na casa dos 45, 50 anos — estávamos falando do mesmo assunto: a menopausa está batendo à porta.

Eu, com 49 anos, sei que não tem mais como fugir. Mas o que me chamou atenção foi a quantidade de desinformação que ainda existe sobre um tema tão natural na vida de qualquer mulher.

Segundo a Associação Paulista de Medicina (APM), a menopausa natural no Brasil costuma acontecer entre os 48 e 51 anos, quando a menstruação para de vez — ou seja, 12 meses seguidos sem nenhum sinal do ciclo.

Mas antes disso vem a tal perimenopausa, essa fase de transição que pode durar anos e mexe com tudo: hormônios, humor, corpo, pele, sono e até paciência.

Um estudo do Instituto de Longevidade mostra que 75% das mulheres brasileiras nessa faixa etária já estão na perimenopausa ou na pós-menopausa. E não é exagero: 82% sentem sintomas que atrapalham o dia a dia, segundo pesquisa da Astellas Farma Brasil.

Os famosos fogachos (ondas de calor), o suor noturno e o ressecamento vaginal são os mais comentados. Mas os sintomas emocionais também pesam: 72% relatam alterações de humor logo no início dessa fase, como ansiedade, irritabilidade e dificuldade para dormir.

O mais assustador é saber que, apesar de tudo isso, 65% das mulheres ainda consideram a menopausa um tabu. E 66% sentem que seus sintomas não são levados a sério. A situação é ainda pior quando dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Ministério da Saúde apontam que apenas metade das mulheres que poderiam se beneficiar de tratamento faz algum tipo de acompanhamento.

O que fazer com tudo isso?

A boa notícia é que existem várias opções para cuidar da saúde e da qualidade de vida. A terapia de reposição hormonal (TRH) é o tratamento mais eficaz para aliviar os sintomas fortes e prevenir a osteoporose. No entanto, ela precisa ser avaliada caso a caso pelo ginecologista, já que não é indicada para todas.

Para quem não pode ou não quer usar hormônios, há alternativas seguras:

  • Antidepressivos em doses baixas.
  • Medicamentos como a gabapentina para controlar os fogachos.
  • Tratamentos locais (cremes e anéis vaginais de estrogênio) para o ressecamento.

Mudanças simples que ajudam muito

Além dos tratamentos médicos, pequenas mudanças fazem uma grande diferença:

  • Alimentação rica em cálcio e vitamina D.
  • Exercícios físicos regulares (musculação, pilates, caminhada).
  • Sono de qualidade.
  • Menos álcool e cigarro.

Alimentos como a soja, que contêm fitoestrógenos, podem trazer alívio para algumas mulheres. A fitoterapia, com plantas como a Cimicifuga racemosa, também é uma opção — sempre com orientação médica.

Não podemos esquecer da mente. Terapias como a cognitivo-comportamental são ótimas para lidar com a ansiedade e as mudanças de humor. Afinal, a menopausa não é só biológica, é também emocional e social.

Uma fase de transformação, não de fim!

Sabe o que eu percebi conversando com minhas amigas? A menopausa não é o fim da feminilidade nem da vida sexual. É apenas uma nova fase. E como toda mudança, ela pede adaptação, informação e cuidado.

Precisamos falar sobre isso sem medo, porque a saúde da mulher também é um assunto de saúde pública. Dados da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) mostram que a menopausa precoce afeta cerca de 5,5% das brasileiras, o que significa milhões de mulheres precisando de apoio.

Se eu tivesse que resumir tudo em uma frase, seria: não encare a menopausa como um problema, mas como um chamado para cuidar mais de você mesma.

Converse com seu médico, faça exames, troque experiências. Informação boa afasta o medo e traz qualidade de vida.

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