Ascensão e queda de hits virais


Em uma era dominada pela conectividade instantânea e pela busca incessante por conteúdo fresco, o TikTok emergiu não apenas como uma plataforma de entretenimento, mas como um motor impulsionador e, por vezes, um cemitério para a indústria musical. A ascensão meteórica de hits virais e a seguida pela efemeridade de muitos deles, se tornaram a marca registrada dessa nova dinâmica, redefinindo o que significa fazer sucesso na música contemporânea.
A fórmula mágica da viralização
A essência do poder do TikTok reside em seu algoritmo incrivelmente eficaz. Diferente de outras redes sociais que priorizam conexões preexistentes, o “Para Você” (For You Page – FYP) do TikTok entrega conteúdo com base no engajamento do usuário, independentemente de quem ele segue.
Isso significa que uma pequena dancinha, um trecho de um áudio criativo ou uma dublagem bem-humorada podem, da noite para o dia, catapultar uma música desconhecida para o topo das paradas globais.
Um exemplo emblemático dessa ascensão foi a canção "Old Town Road", de Lil Nas X. A música, que mescla hip-hop e country, ganhou tração massiva no TikTok em 2019, através de memes e desafios, transformando o artista em um fenômeno global e aquela faixa em um dos singles mais duradouros na história da Billboard Hot 100.
Outros exemplos incluem "Savage" de Megan Thee Stallion, impulsionada por desafios de dança, e "Blinding Lights" do The Weeknd, que teve sua longevidade estendida por inúmeros vídeos criativos. Você pode ‘dar um google’ na internet. Com certeza já ouviu todas elas, e nem se ligou!
Essa viralização orgânica – ou quase – democratizou o acesso à fama. Pequenos artistas independentes, sem o suporte de grandes gravadoras,
encontram no TikTok um palco global. Basta que uma pequena fatia de uma canção ressoe com a comunidade, para que ela seja replicada milhões de vezes, gerando streams em plataformas de áudio e, em alguns casos, até mesmo contratos com grandes selos! Coisa incrível para quem viveu nos anos 80!
O Lado B da moeda
No entanto, a mesma velocidade que eleva uma música ao status de hit pode ser a responsável por sua curta vida útil. A constante busca por novidades no TikTok significa que a atenção do público é fugaz. Uma música pode dominar o topo por semanas, mas ser rapidamente substituída por uma nova tendência.
Essa efemeridade cria um desafio para artistas e gravadoras. Enquanto o TikTok é excelente para gerar picos de streams, transformar esse engajamento inicial em uma carreira musical sustentável é uma tarefa árdua. Muitas músicas virais no TikTok não conseguem se traduzir em álbuns bem-sucedidos, com turnês esgotadas, tornando-se o que alguns críticos chamam de "hits de micro-ondas" – rápidos de esquentar, rápidos de esfriar. Rs.
A banda indie portuguesa Os Quatro e Meia, por exemplo, viu a música "Amanhã" viralizar no TikTok, em 2021. Alcançou um público muito além de sua base de fãs tradicional. Porém, o desafio foi converter esses novos ouvintes em fãs de longo prazo, algo que eles têm trabalhado ativamente através de shows e novos lançamentos.
O TikTok se tornou uma ferramenta de pesquisa de mercado. Gravadoras e olheiros monitoram as tendências para identificar novos talentos e prever quais sons têm potencial para estourar. O sucesso no TikTok pode ser o primeiro passo para um contrato, ou uma parceria estratégica.
O futuro dos Sons e Tons no TikTok
O fenômeno do TikTok na música é um reflexo da nossa sociedade super conectada por tendências. O aplicativo democratizou a fama e abriu portas
para uma diversidade de sons e artistas. E também impôs um ritmo frenético e desafiador para a construção de carreiras musicais sólidas.
Para o artista de hoje, entender as nuances do TikTok não é mais uma opção, mas uma necessidade. Mais do que criar um hit viral, o desafio é transformar a efêmera faísca do algoritmo em uma chama duradoura, garantindo que entre e tons a música continue ressoando muito depois que o último vídeo viral tenha passado.